A observação de aula é uma poderosa ferramenta, mas pouco utilizada nas instituições por causar certo desconforto, tanto para quem observa como para quem é observado. Mas, por que observar?
Por que fazer observação de sala de aula?
O objetivo da observação de sala de aula é contribuir com a formação do professor e com a implementação adequada do projeto político-pedagógico.
Para que se tenha eficiência em sua aplicação, a observação precisa ser programada e estabelecida entre coordenadores e professores, precisa fazer parte da rotina escolar e de um conjunto de ações maior.
A observação de sala de aula não precisa e não tem que ser assustadora ou complicada. Precisa-se dizer que a observação é um dos recursos mais valiosos que o coordenador pedagógico pode e deve utilizar no processo de formação continuada da sua equipe.
Melhorar a prática docente na formação continuada dentro da escola, é papel da coordenação pedagógica e para entender as necessidades da equipe, com o intuito de que se possa ensinar melhor. Ao realizar a observação, o coordenador tem inúmeros recursos, desde analisar o planejamento e execução das atividades, a produção dos alunos, até o resultado das avaliações.
Ouso dessa ferramenta vai direto ao ponto e permite o conhecimento mais estreito do que acontece em sala de aula; sua entrada em sala de aula para analisar as interações entre professores e alunos vai requerer, além de planejamento, a quebra de resistência de quem vai ser observado.
A coleta de dados feita durante a observação deve ser discutida posteriormente com o professor, em uma devolutiva informando o que está funcionando e o que pode melhorar. Para o coordenador, é a oportunidade de verificar se a formação oferecida está, realmente, funcionando e fazendo a diferença.
Mesmo que pareça uma situação desconfortável para o professor, a observação tem que ser algo simples e objetiva.
3 Pontos para a observação de aula
Pode-se resumir que uma boa observação de aula tem que atender três pontos: PLANEJAMENTO, ACOMPANHAMENTO e DEVOLUTIVAS. Importante dizer que as devolutivas precisam ser pontuais, para que volte logo para sala de aula.
O coordenador também precisar ter um assunto definido, ter foco no que vai observar para que, assim, consiga planejar os aspectos a serem analisados. Dessa maneira, conseguirá identificar, na sua observação, potencialidades e pontos para aprimoramento da prática do professor, transformando isso em um processo formativo.
A devolutiva deve ser feita como uma formação para o professor. E este processo deve estar claro! Quase sempre o docente não tem a percepção que pequenas mudanças em sua prática, o levará a resultados mais eficientes, eficazes e positivos. Quem está de fora consegue, mais facilmente, apontar um caminho para tais soluções. Mas como quebrar a resistências da equipe quanto a observação de aula?
Como engajar a equipe?
Embora pareça ser uma ideia simples, afinal de contas, você só precisa: entrar em sala de aula, assistir uma aula, fazer algumas anotações e, a partir delas, planejar as devolutivas para formação e orientação dos professores. Isso deveria ser uma rotina simples de realizar, mas alguns professores encaram a presença de um observador invasiva ao seu espaço mandatório.
É preciso criar um clima para que a parceria no desenvolvimento profissional do professor esteja acima de questões pessoais. Para quem está iniciando na função de coordenador, chegando em uma nova escola em que não existe ou implantando essa prática, vai ser um pouco desafiadora; então, reúna e converse com todos os professores, mesmo que se trate de uma equipe acostumada com essa rotina. E deixe claro que os objetivos da observação são: elaborar uma pauta de formação continuada com base nas necessidades de ensino-aprendizagem, bem como conhecer bons exemplos de prática didática para compartilhar com a equipe.
As boas práticas não devem ficar restritas a uma só turma e podem ajudar outros alunos em suas aprendizagens.
Sempre consulte e avise aos professores quando a visita será feita. Envolva os professores na elaboração da pauta, eles podem indicar os pontos em que precisam de ajuda e soluções didáticas. Elabore um cronograma mensal e deixe disponível.
Ao terminar cada observação, diminua a ansiedade que ela causa, conversando com cada professor; por fim, a devolutiva vem depois da análise feita, observada e de outros registros. Não esqueça que a ideia da devolutiva é a formação continuada, a busca de soluções didáticas e não gerar mal-estar. Entregar ao docente um relatório com espaço para que ele se manifeste e converse sobre suas práticas, orientações teóricas e tracem um planejamento. O documento elaborado em conjunto será um compromisso formativo entre coordenador e professor, agora corresponsáveis pela aula.
Para que a observação não seja vista como invasiva, lembre-se que aquele espaço é do professor. Sente-se no final da sala, evite interações com os alunos e interferências na aula. Analise as interações e esteja preparado para se surpreender positivamente.
Na observação, o coordenador deve construir hipóteses sobre as interações que funcionaram e as que precisam ser melhoradas; essa é base de registro e da conversa que acontecerá posteriormente com o professor.
O trabalho não encerra quando o coordenador sai da sala, é nesse momento que inicia a etapa mais importante: a devolutiva. Entregar uma cópia das anotações ao professor para que ele possa se preparar para devolutiva, que é individual e feita, no máximo, uma semana após a realização da observação.
Começar a devolutiva citando os pontos positivos do que foi visto, demonstra que o coordenador reconhece o bom trabalho feito pelo profissional. Depois, converse sobre os pontos que precisam ser melhorados. Traga, neste momento, embasamentos teóricos que dão consistência às observações feitas e apresenta sugestões para mudanças. Ouça o professor, dando a oportunidade de ele expor as dificuldades que sente e as necessidades para colocar em prática propostas sugeridas.
O processo formativo é conflituoso, mas o coordenador ganha o respeito da equipe quando estes percebem que as observações e devolutivas são positivas para o ensino e desempenho dos alunos.
O resultado desse processo é um planejamento de formação para todo corpo docente. E acreditar que o educador é um profissional capaz de construir estratégias de ensino refletindo sobre a prática.
Agora que você já sabe a importância que tem a observação de sala de aula para a escola e toda a comunidade, confira nosso artigo com dicas para engajar os professores.
Thalita Marinho,
Consultora Pedagógica de Campo Pearson